Quem sou eu? Sou aquela que tu não queres encontrar, mas cujo encontro é inevitável. Sou uma assassina, que trabalha diariamente varrendo do mundo almas, sejam elas boas ou não! E não que isso me agrade, simplesmente faço, porque é minha obrigação.

terça-feira, 2 de março de 2010

Singularidade

É bem singular como descubro quem será minha vítima. Deste outro lado vê-se porque a humanidade é avessa a tecnologia, e ao invés de e-reader’s preferem derrubar uma centena de árvores para imprimir seus livros. Deste outro lado funciona da mesma forma. Nada de notebooks, ou um kindle. Resultado, eu tenho que carregar este livro maior que a bíblia, e aguardar, que magicamente nele surja os nomes dos que estão para morrer.

Quando os recebi, as páginas estavam em branco, mas a cada dia foi surgindo, nomes, e mais nomes, até se tornar um misto de dicionário e obituário. E haja criatividade em inventar novas mortes. Na verdade não sou muito criativa. Não sei se sempre fui assim, mas neste serviço prefiro sempre o óbvio.

Como no próximo nome que surgiu. Alfredo Nascimento. Empresário, político, e com uma coleção de inimigos. Não vou preocupar-me muito com sua partida, pois não será necessário nada mais que oportunizar a um de seus inimigos o último encontro. O derradeiro. Será na saída do restaurante, e me basta sussurrar na mente de Clodoveu Garcia o que ele já intenciona, mas até hoje lhe faltou coragem para fazer.

Mas antes que pensem que possuo assim tanto poder, é preciso dizer que somente se influencia quem está disposto a ser influenciado. Todas as pessoas, vivas ou não possuem o direito a liberdade de escolha. Somos quem somos, e o que somos, e tudo isto é sempre resultado de nossas escolhas. Eu mesma poderia estar por aí vagando sem destino. Assombrando uma casa ou outra, até finalmente ser permitida minha passagem para o destino final. Foi escolha minha. Talvez uma escolha precipitada, não nego. Mas foi decisão minha sair matando indiscriminadamente. Eu tinha escolhas...

Então me resta aceitar o que faço. Tem lá também seus objetivos. Imagine um mundo sem rotatividade. Sem almas discordantes, ou renovantes. Talvez nada do que exista hoje, aí estivesse. Tenho que ver um objetivo em tudo que é feito. Por isso a bala ardente atravessando o crânio de Alfredo Nascimento não me choca mais.

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